sábado, 5 de dezembro de 2009

Capítulo 25

-Alô?
-Alô Vivi?
-Oi Aline!
-Vivi, acabei de saber que o Beto está bem.Tá em casa.
-Mesmo?Que bom.Mas como ele conseguiu chegar em casa?
-Isso é que eu não sei.O Lucas disse que ele tava em casa.Só não sei como ele conseguiu chegar.
-Nossa... Que estranho.E que bom, né?
-É...Fiquei aliviada em saber que ele está bem.
-Agora eu também fiquei... Então, quer dizer que vai ter mesmo a festa?
-Vai.Inclusive, liguei exatamente pra confirmar se você vai.
-Ah eu vou sim.
-É que o Lucas me pediu pra eu confirmar com você.Ele tá ligando pra todo mundo pra confirmar.
-Ah tá...
-Bem, então já que confirmei, vou desligar o telefone agora.Sabe como é né, as horas passam voando e daqui a pouco chega a hora de ir trabalhar.
-É verdade... Então, nos vemos na casa do Lucas.
-Tudo bem.
-Tchau Aline.
-Tchau.
Aline desligou o telefone e o colocou sobre seu suporte, na mesinha.
-Ê Aline, o desenho já acabou e você nada de assistir né?- reclamou Leandra.
-Ai desculpa.É que não deu mesmo.Mas ainda teremos muitas oportunidades de assistirmos desenhos juntas.
-Espero...
-Aline...- chamou Rodrigo- Você vai sair hoje à noite?
-Sim, por quê?
-É que eu queria ir à pizzaria.Mas já que você não pode, então deixa pra outro dia.
-Então vamos sair comigo.
-Pra onde você vai?
-Pra uma festa de despedida de um colega meu.Ele vai embora pra Minas.
-Hum... Ah, mas eu vou ficar sem graça lá, nem fui convidado.
-Foi convidado por mim!
-Sei não, Aline.Acho que não vou.Não conheço ninguém lá.
Rodrigo era um garoto um pouco tímido.Não era muito sociável,e só se sentia bem perto de pessoas conhecidas, caso o contrário, tornava-se um tanto acanhado.
-Mas eu vou!-disse Leandra, levantando-se com ímpeto do sofá- Posso ir com você né Aline?
-Claro!Mas eu queria que o Rodrigo também fosse...- disse Aline, lançando um olhar para o primo.
-Vou pensar-disse o garoto.
-Então pense bem- falou Aline olhando em seguida para o relógio.Já era meio dia.
-Poxa, meio-dia!Tenho que me arrumar.
-Pra quê?- perguntou Leandra.
-Pra ir trabalhar.
-Você trabalha?
-Trabalho.
-Aonde?
-No centro.
-O que você faz lá?
-Maninha- interviu Rodrigo- Por favor, deixa a Aline em paz.Ela tá apressada.
Aline sorriu, subindo em seguida para o quarto.Adorava a presença de Leandra, mas ela bem que era chatinha à vezes.
Adentrando ao corredor e chegando perto da porta lembrou-se de Karina.”Será que ela vai falar alguma sobre minha infeliz pergunta sobre o Rick?” Abriu a porta lentamente.Karina estava em pé, na janela, observando a rua.Aline manteve-se parada por alguns instantes.Caminhou sutilmente até seu guarda-roupa, onde pegaria sua roupa e correria rapidamente ao banheiro, a fim de que não fosse vista.Mas, chegando perto do móvel, tropeçou em um sapato e caiu de cara no chão.Karina virou-se, assustada para a irmã, que se encontrava estatelada no chão.
-Ai!- reclamou Aline, levantando-se.
-Se machucou?
-Acho que não...- disse Aline, sem graça, indo ao seu guarda-roupa, e dirigindo-se ao banheiro em seguida.
Tão logo fechou a porta, despiu-se rapidamente e pôs-se a colocar a outra roupa.Sentiu uma leve ardência no joelho.Olhou e viu que havia feito um pequeno corte. “Isso é o que dá tentar fazer as coisas escondido.”
Após vestir-se voltou ao quarto, temerosa de que Karina ainda estivesse.Mas não estava.
Desceu à cozinha a fim de certificar-se se o almoço já estava pronto.Todos já estavam sentados à mesa, comendo.Aline juntou-se a eles, e almoçou rapidamente.Durante o almoço, tentou ignorar os olhares interrogativos que Karina lançava pra ela, fazendo de conta que não os percebia.Tão logo terminou de almoçar, despediu-se rapidamente de todos e saiu para trabalhar, sem delongas.
A garota chegou à livraria, estranhando o fraco movimento na loja.Era sábado, e portanto deveria ser o dia de mais movimento no comércio.
-Não sei o que está havendo- dizia Luís, enquanto conferia uma lista de livros que haviam chegado aquela manhã- Em pleno sábado, e o movimento fraquinho desse jeito.
Aline apenas olhava para Luís calada, enquanto o chefe reclamava e indagava a causa do insucesso de vendas daquele dia.
Henrique, chegando do almoço, entrou na loja, agitado.
-Já estão sabendo da nova livraria que abriram ali na esquina?Passei por lá agora, tá “fervendo” de gente!- disse.
-E você também entrou lá?- perguntou Luís, seriamente a Henrique.
Henrique olhou sem graça para o patrão, e apenas murmurou:
-Não...
Aline ficou se perguntando se ele não havia mesmo entrado na livraria, pelo menos para “curiar” o que havia lá de interessante.Se tivesse entrado, não seria nem “louco” de comentar com o chefe.
-Vou almoçar- disse Luís, largando a lista de livros no balcão e saindo.
A garota novamente se perguntou se Luís também não passaria lá para “curiar” a concorrência.
***
Aline chegou em casa exatamente às seis horas.Saíra alguns minutos mais cedo do emprego, em virtude do fraco movimento na loja.
A garota ia caminhando lentamente em direção ao portão de sua casa.Ao abri-lo, viu a caixa de correio e lembrou-se de que seu admirador secreto não havia mais lhe enviado aqueles envelopes.”O que será que aconteceu?”Abriu a caixa na esperança de encontrar algo.Não havia nada dentro.
Entrou em casa, indiferente.Estavam todos na sala, assistindo a um filme.Aline aproveitou que ainda teria um tempinho livre antes de ir à casa de Lucas, mais tarde, e sentou-se com a família para assistir.Todos estavam tão entretidos com o filme, que pareciam não haver notado que a garota chegara em casa.
O filme era romântico.Passava uma cena em que a mocinha despedia-se dramaticamente de seu amado, que deveria ir embora a um local distante e não sabia se voltaria.Aline lembrou-se de Beto.Em poucos dias o garoto iria embora, e ela ficaria igual à mocinha do filme, lamentando dramaticamente a perda de seu amado.Levantou-se do sofá, pois não queria ver o resto da cena e correr o risco de começar a chorar ali na frente de todo mundo.
Foi até seu quarto, aproveitando que estava vazio. Deitou em sua cama, ansiando por alguns momentos de descanso.Começou a pensar em sua vida, em seus planos futuros,em seus desejos.A partir da próxima semana ficaria sem Beto.O que seria dela?
Lembrou-se que já era dezembro, e no ano seguinte iria para a faculdade.Mas... que curso escolher?O vestibular estava aí, porém não poderia realizá-lo se não soubesse o que cursar.E além disso, em que instituição estudar?
***
-Acorda Aline!Você não vai pra festa?
Aline abriu os olhos, enquanto era chacoalhada por Leandra.Olhou para o relógio.Eram sete horas.Havia dormido "sem querer" durante 1 hora.
-Sete horas?- falou, dando um pulo da cama- Só tenho 15 minutos!
-Ainda bem que já estou arrumada!- disse Leandra.
Aline correu ao banheiro, tomou um banho, se arrumou e desceu à sala em tempo recorde.Leandra já estava esperando.
Karina continuava sentada no sofá, com Rodrigo e Helena, assistindo, desta vez a um programa de TV.
-Você não vai pra festinha Káh?-perguntou Aline à irmã, vendo que esta não estava arrumada.
-Não to a fim.
-E você Rodrigo?
-Eu não vou- disse o garoto, sem tirar os olhos da TV.
-Tudo bem... Então só vamos eu e Leandra.
-O que essa pirralha vai fazer numa festa de jovens?-perguntou Karina, escarnecendo.
Leandra pegou um travesseiro e jogou  na garota, que revidou.
-Eu já sou uma jovem tá?
Karina deu risada.
-Pára de implicar com a menina, Karina!- reclamou Helena.
-Vamos Le, não liga pra essa bobona não.Tchauzinho pessoal!-disse Aline, pegando a mão da prima, enquanto esta lançava um olhar fulminante para Karina.
-Vão com Deus, e muito cuidado hein!- advertiu Helena.
-Tá mãe, Deus nos guardará- disse Aline, abrindo a porta.
Aline e Leandra saíram, às pressas.Eram 7:15, horário em que já deviam estar lá à espera de Beto.
Chegaram na casa de Lucas dentro de poucos minutos.Pararam em frente e ficaram a observá-la.As luzes estavam todas apagadas, e a porta estava fechada.Apenas uma janela estava meio aberta.Provavelmente o pessoal tava fazendo silêncio para saberem quando Beto chegasse, acompanhado de César, que ficara encarregado de "despistá-lo".Aline viu que o portão estava aberto, então entrou, seguida pela prima.
Na casa de Lucas havia um grande jardim.As garotas atravessaram-no, passando pela enorme piscina, e caminharam em direção à entrada da casa.
Aline e Leandra foram aproximando-se da porta vagarosamente.Estava tudo escuro e silencioso, e por um momento Aline se perguntou se estariam todos ali mesmo.A escuridão total parece que dava um aspecto sombrio à casa, prova disto é que Leandra olhava, aparentemente amedrontada para todos os lados.Aline colocou a mão na maçaneta da porta, quando alguém colocou a mão em seu ombro, levemente.
-Ai!- gritou, assustada.

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